Ética Cristã

“Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado.” Tiago 4:17

Por que “estudar” Ética Cristã?

Porque todos nós, como cristãos, somos indivíduos dentro de uma sociedade majoritariamente não cristã. Os valores cristãos que seguimos devem encontrar correspondência na sociedade em que vivemos. Como se dá isso é a tarefa da Ética Cristã propor. Na verdade poderíamos dizer que não se “estuda” ética, mas se concebe e se vive um tipo de ética.

A nossa palavra “ética” vem do grego e significa um hábito, costume ou rito. Com o tempo, passou a designar qualquer conjunto de princípios ideais da conduta humana, as normas a que devem ajustar-se as relações entre os diversos membros de uma sociedade.

Ética é o conjunto de valores ou padrão pelo qual uma pessoa entende o que seja certo ou errado e toma decisões. Ética cristã por tanto é o sistema de valores morais associado ao Cristianismo histórico e que retira dele a sustentação teológica e filosófica de seus preceitos.

A Ética cristã opera a partir de diversos pressupostos e conceitos que acredita estão revelados nas Escrituras Sagradas pelo único Deus verdadeiro. São estes:

  • A existência de um único Deus verdadeiro, criador dos céus e da terra. A ética cristã parte do conceito de que o Deus que se revela nas Escrituras Sagradas é o único Deus verdadeiro e que, sendo o criador do mundo e da humanidade, deve ser reconhecido e crido como tal e a sua vontade respeitada e obedecida.

  • A humanidade está num estado decaído, diferente daquele em que foi criada. A ética cristã leva em conta, na sistematização e sintetização dos deveres morais e práticos das pessoas, que as mesmas são incapazes por si próprias de reconhecer a vontade de Deus e muito menos de obedecê-la. Isso se deve ao fato de que a humanidade vive hoje em estado de afastamento de Deus, provocado inicialmente pela desobediência do primeiro casal. A ética cristã não tem ilusões utópicas acerca da “bondade inerente” de cada pessoa ou da intuição moral positiva de cada uma para decidir por si própria o que é certo e o que é errado. Cegada pelo pecado, a humanidade caminha sem rumo moral, cada um fazendo o que bem parece aos seus olhos. As normas propostas pela ética cristã pressupõem a regeneração espiritual do homem e a assistência do Espírito Santo, para que o mesmo venha a conduzir-se eticamente diante do Criador.

  • O homem não é moralmente neutro, mas inclinado a tomar decisões contrárias a Deus, ao próximo. Esse pressuposto é uma implicação inevitável do anterior. As pessoas, no estado natural em que se encontram (em contraste ao estado de regeneração) são movidas intuitivamente, acima de tudo, pela cobiça e pelo egoísmo, seguindo muito naturalmente (e inconscientemente) sistemas de valores descritos acima como humanísticos ou naturalísticos. Por si sós, as pessoas são incapazes de seguir até mesmo os padrões que escolhem para si, violando diariamente os próprios princípios de conduta que consideram corretos.

  • Deus revelou-se à humanidade. Essa pressuposição é fundamental para a ética cristã, pois é dessa revelação que ela tira seus conceitos acerca do mundo, da humanidade e especialmente do que é certo e do que é errado. A ética cristã reconhece que Deus se revela como Criador através da sua imagem em nós. Cada pessoa traz, como criatura de Deus, resquícios dessa imagem, agora deformada pelo egoísmo e desejos de autonomia e independência de Deus. A consciência das pessoas, embora freqüentemente ignorada e suprimida, reflete por vezes lampejos dos valores divinos. Deus também se revela através das coisas criadas. O mundo que nos cerca é um testemunho vivo da divindade, poder e sabedoria de Deus, muito mais do que o resultado de milhões de anos de evolução cega. Entretanto é através de sua revelação especial nas Escrituras que Deus nos faz saber acerca de si próprio, de nós mesmos (pois é nosso Criador), do mundo que nos cerca, dos seus planos a nosso respeito e da maneira como deveríamos nos portar no mundo que criou.

A Ética teve sua origem, pelo menos sob o ponto de vista formal, na antiguidade grega, através de Aristóteles (384 – 322 a.C.) e suas idéias sobre a ética e as virtudes éticas. Na Grécia porém, mesmo antes de Aristóteles, já é possível identificar traços de uma abordagem com base filosófica para os problemas morais e até entre os filósofos conhecidos como pré-socráticos encontramos reflexões de caráter ético, quando buscavam entender as razões do comportamento humano.

Para nos posicionarmos mais apropriadamente como igreja genuinamente evangélica que busca vivenciar o cristianismo autêntico e para errarmos o menos possível, apesar de todas as pressões que se nos impõem, devemos buscar uma abordagem evangélica da ética cristã, baseada na Bíblia.

O professor Norman Geisler (que é um dos maiores apologistas cristãos na atualidade) alista seis questões básicas na ética normativa, que de certo pressionam a consciência do cristão que vivencia a sua fé nestes tempos de relativização ética, são elas:

  1. a) Antinomismo: Literalmente “contra a lei”. Afirma que não há nenhum princípio moral que aplicado às circunstâncias da vida, nos permita estabelecer em referencial de certo ou errado. Em síntese, admite que não há normas.

  1. b) Generalismo: Sustenta que uma ação pode ser errada, geralmente, mas nem sempre o será, estabelecendo um padrão moral circunstancial por admitir que não há normas universais.

  1. c) Situacionismo: Admite que há uma norma universal, mas admite também que as circunstâncias são tão radicalmente diferentes para que exista uma única regra universal para ser observada. Para os situacionistas, somente o amor permanece como norma universal capaz de se adaptar a todas as situações. O amor pode tornar um ato moralmente correto e só a falta de amor faz um ato amoral.

  1. d) Absolutismo não-conflitante: Admite que há muitas normas universais válidas sem conflito entre si, admitindo, porém, dualidades de idéias, desde de que se preserve o ideal comum no cumprimento do dever.

  1. e) Absolutismo ideal: Admite que há muitas normas universais que as vezes são conflitantes entre si, mas que violar uma dessas normas é moralmente errado, não existindo precedentes. O problema aqui é o abismo entre o ideal e o real, pois vivemos, acertamos e erramos, no mundo real e não no universo ideal. No mundo ideal ninguém infringe normas.

  1. f) Hierarquismo: Admite que há muitas normas éticas universais hierarquicamente ordenadas que diferem entre si em grau de importância, de modo que, diante de um conflito ético, o homem se obriga a obedecer a norma mais elevada nesta estrutura

A abordagem evangélica da ética visa determinar um conceito equilibrado de certo e de errado, a partir da compreensão e da interpretação da Bíblia que revela a mensagem cristã e alimenta a fé.

Éticas Religiosas:

São aqueles sistemas de valores que procuram na divindade (Deus) o motivo maior de suas ações e decisões. Nesses sistemas existe uma relação inseparável entre ética e religião. O juiz maior das questões éticas é o que a divindade diz sobre o assunto. Evidentemente, o conceito de Deus que cada um desse sistema mantém, acabará por influenciar decisivamente o código ético e o comportamento a ser seguido.

1ª) Ética Normativa:

Ética Moral

Baseia-se em princípios e regras morais fixas

Ética Profissional e Ética Religiosa: As regras devem ser obedecidas.

2ª) Ética Teleológica:

Ética Imoral

Baseia-se na ética dos fins: “Os fins justificam os meios”.

Ética Econômica: O que importa é o capital

3ª) Ética Situacional:

Ética Amoral

Baseia-se nas circunstâncias. Tudo é relativo e temporal.

Ética Política: Tudo é possível, pois em política tudo vale.

Autor: Rodrigo M. de Oliveira

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