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Coreia do Norte - A nação que mais persegue crsitãos

Quanto à avaliação e classificação da Lista Mundial da Perseguição (LMP), o país continua com a mesma pontuação de 2018 e 2019: 94 pontos. A pressão média sobre os cristãos permanece em um nível extremo em todas as esferas da vida. Apesar de todas as atividades diplomáticas no período de pesquisa da Lista (1 de novembro de 2018 a 31 de outubro de 2019), cada esfera da vida obteve a mais alta pontuação, de 16,7 pontos. As reuniões em 2018 e 2019 com líderes de Estado internacionais não trouxeram nenhum benefício aos cristãos no país.

Esse padrão de pontuação máxima em todas as esferas da vida reflete a realidade de um Estado em que a paranoia ditatorial é evidente em cada segmento da sociedade. Provavelmente, não há outro país no mundo em que o termo “paranoia” se encaixe melhor; isso afeta tudo na Coreia do Norte.

Estimativas do número de cristãos variam de 30 mil a “várias centenas de milhares”. Naturalmente, é difícil confirmar quaisquer números devido ao ambiente altamente restritivo. Com base em informação de dentro do país, a Portas Abertas estima que haja entre 200 e 400 mil cristãos. Seja qual for a estatística usada, todos os relatos mostram que o número de cristãos está crescendo lenta, mas estavelmente.

“Acreditamos que nossa vida e planos cotidianos estão nas mãos do nosso provedor, de modo que os cristãos norte-coreanos vencem quaisquer dificuldades e sofrimento com perseverança, sonhos e nova esperança.”

CRISTÃO NORTE-COREANO

Se cristãos norte-coreanos são descobertos – independentemente se são herdeiros das comunidades cristãs de antes da Guerra da Coreia ou se encontraram a fé cristã de outras formas (por exemplo, durante a grande fome nos anos 90, que fez com que dezenas de milhares de cidadãos buscassem ajuda na China, geralmente sendo abrigadas em igrejas chinesas), não apenas são enviados a campos de trabalho forçado como criminosos políticos ou até mesmo mortos imediatamente, como suas famílias compartilharão o mesmo destino. Cristãos não têm o mínimo espaço na sociedade. Se reunir com outros cristãos para adorar é praticamente impossível e se alguns ousam fazê-lo, têm que ser em máximo sigilo. As igrejas mostradas aos visitantes em Pyongyang servem meramente a propósitos de propaganda.

A Coreia do Norte lidera a Lista Mundial da Perseguição desde 2002. Como em anos anteriores, cristãos enfrentam níveis de pressão extremos em todas as áreas da vida, combinados com alto grau de violência. O repentino aumento de atividades diplomáticas, que começaram com a participação nos Jogos de Inverno na Coreia do Sul em fevereiro de 2018, não mudou nada para os cristãos. Pelo contrário, os relatos de revistas para identificar e extirpar cidadãos com pensamentos divergentes aumentaram.

As deserções continuam em um nível estável; o número de norte-coreanos que conseguiram chegar à Coreia do Sul em 2018 foi de 1.137, um acréscimo de apenas 10 comparado a 2017. Particularmente interessante é o fato de que 85% dos desertores em 2018 eram mulheres, confirmando uma tendência de longo prazo. Uma razão para isso é que as mulheres, geralmente, têm mais liberdade de movimento, visto que não é esperado que elas compareçam a um determinado local de trabalho. Outra razão, no entanto, é o triste fato de que mulheres são o principal alvo dos traficantes de pessoas, seja para propósitos de trabalho ou de casamento. A China mantém a fronteira com a Coreia do Norte fechada e monitorada. Relatos dizem que agentes do serviço secreto da Coreia do Norte estão se infiltrando em igrejas chinesas e sul-coreanas na China e que o governo chinês tem reprimido cidadãos norte-coreanos na China e coreanos-chineses também, o que tem um efeito sobre as redes de refugiados da Coreia do Norte.

O pastor Dong-cheol Kim, preso em 2015, e dois palestrantes cristãos coreanos-americanos da Universidade de Ciência e Tecnologia de Pyongyang (PUST), Tony Kim e Hak-song Kim, presos em abril e maio de 2017, respectivamente, foram acusados de espionagem, mas libertados antes da cúpula com o presidente americano, em junho de 2018. Como resultado, a PUST mudou a política de contratação e agora busca funcionários não americanos, uma consequência lógica da proibição de viagem dos Estados Unidos.

Quando se trata de proteger a ideologia, a Coreia do Norte não se preocupa com a reputação internacional nem com queda diplomática ou econômica – como com a Malásia (após o assassinato do meio-irmão de Kim Jong-un, em Kuala Lumpur, em fevereiro de 2017), que era uma das poucas nações com, relativamente, boas relações com o país. O caso Warmbier também chocou o mundo ao mostrar quão terrível a situação nos campos de trabalhos forçados da Coreia do Norte pode ser – publicidade que o país tenta evitar a todo custo. Desafios como a invasão da embaixada norte-coreana na Espanha em fevereiro de 2019 também ocorrem e podem servir ao regime como razões para atacar adversários identificados.

Há vários sinais que indicam uma perseguição ainda mais severa de cristãos na Coreia do Norte no futuro:

  • O aumento da detenção e sequestro de cristãos e missionários sul-coreanos e chineses coreanos na China.
  • O controle mais forte na fronteira e punições mais duras para cidadãos norte-coreanos que são repatriados da China.
  • O aumento no número de missionários sul-coreanos sendo expulsos da China;
  • O aumento das atividades do governo norte-coreano em suas tentativas de eliminar todos os canais de espalhar a fé cristã.
O FERIADO DE 9 DE SETEMBRO

Em 9 de setembro de 1948, Kim Il-sung proclamou a República Popular Democrática da Coreia e tornou-se o primeiro líder da nação, que conquistou sua independência do Japão. Em 2018, a Coreia do Norte celebrou seu 70º aniversário, que foi comemorado com a retomada dos Jogos em Massa na capital Pyongyang – evento que reúne cerca de 100 mil participantes em acrobacias sincronizadas. Os jogos utilizaram tecnologia de ponta, incluindo uma grande formação de drones que soletravam palavras no céu, bem como projetores grandes que eram usados para mostrar cenas da reunião de Kim em abril com o presidente sul-coreano Moon Jae-in.

As comemorações dos 70 anos foram cuidadosamente criadas para destacar a campanha diplomática do presidente Kim Jong-un e seus planos de desenvolvimento econômico. “Acho que nosso país deve se reunificar em breve e sair para o mundo. Acredito que nós cantamos (sobre a) esperança das pessoas, por estarmos exercendo um forte poder na tecnologia científica e no estado nuclear mais uma vez, para que possamos ser o país mais poderoso do mundo”, disse a participante Kim Kyong Hee, falando à agência de notícias Reuters em uma conversa monitorada por funcionários do governo norte-coreano, que escoltam a mídia em todos os momentos.

Segundo o cristão refugiado norte-coreano, John Choi, a maioria da população não participa dessas caríssimas celebrações na capital, que são para poucos. Para a maioria, o dia é comemorado como um feriado nacional, o que é muito bem-vindo na semana de trabalho, que tem dez dias em média. Durante os chamados “períodos de mobilização”, eles trabalham sem interrupção para folga. “Eu lembro do meu tempo na Coreia do Norte que sempre no ‘Dia da Fundação da República Popular Democrática da Coreia’ eu ia com meus pais visitar a família para passar tempo juntos e comer um lanche. Esse era meu feriado de 9 de setembro”, diz John Choi.

71 ANOS DE RESILIÊNCIA

A pergunta que fica é: o que aconteceu antes de 9 de setembro 1948? Onde e como estava a igreja em meio a tudo isso?

O fundador do regime, Kim II-sung, falecido em 1994, foi criado por seus avós, que eram diáconos na igreja. Os pais dele também eram cristãos comprometidos. O pai, Kim Hyong-jik, não simpatizava com o comunismo porque os comunistas não aceitavam o amor e os direitos iguais do cristianismo. A igreja protestante Chilgol em Pyongyang é dedicada a sua mãe, Kang Pan-sok, cujo nome significa pedra. O nome dela vem do apóstolo Pedro, que foi nomeado Cefas (pedra) por Jesus. Hoje, essa igreja é uma das quatro igrejas que funcionam somente como uma exposição na capital, que conta ainda com outra igreja protestante, uma católica e uma ortodoxa russa.

Podemos tomar por certo que Kim Il-sung ia à igreja com sua família. Como é que tendo sido criado em um ambiente cristão, ele pôde cometer tantos atos contra os direitos humanos e até mesmo perseguir a igreja de Cristo? Um dos fatores que talvez explique isso seja o fato de que um de seus primeiros e mais fortes oponentes tenham sido os cristãos. Houve vários confrontos entre grupos prós e anticomunistas, sendo que os cristãos lideravam a maioria das atividades anticomunistas na época. No final, Kim Il-sung ganhou a batalha e muitos líderes cristãos foram presos e outros executados mesmo antes de 1948.

A partir de então, os cristãos da Coreia do Norte tinham três opções: se tornar comunista e abandonar a fé cristã, se tornar um mártir ou fugir para a Coreia do Sul. Cerca de 1,5 milhão de norte-coreanos fugiram em segurança para a Coreia do Sul entre 1946 e 1953, entre os quais havia muitos cristãos. Mesmo assim, nem Kim Il-sung nem seus sucessores obtiveram êxito na tentativa de varrer o cristianismo da Coreia do Norte. Para os cristãos, comemorar os 71 anos da Coreia do Norte é comemorar a resiliência da igreja de Deus e agradecer a ele por seus olhos estarem sempre sobre essa nação.

Fonte: Portas abertas
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